“é como se conhecêssemos bem o tempo?”

o útero

Assistindo Pânico na TV, eles usaram uma frase clichê, mas verdadeira: “Porque Deus não podia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, ele criou as mães!”

Essa frase é incrivelmente verdadeira. Fico a pensar o que seria da humanidade sem as mães. Certamente bem pior do que é! Esses dias estive afastado da net porque ficara enclausurado, primeiro num hotel, depois num hospital. No hotel sonhei um sonho estranho: estava em Teresina em meio as enchentes dos rios e encontrava minha mãe e minha avó. Elas me abraçavam e diziam que eu tinha que encontrar os pais de uma menina de cabelos dourados e olhos azuis que havia se havia perdido deles na calamidade.

Passei o sonho procurando, entrei em águas fedorentas e lodentas, andei pela Tabuleta, em Teresina, e sempre voltava ao mesmo lugar onde a menina estava. Numa hora, exausto com meu fracasso comecei a chorar agarrado com a criança. Acordei pouco depois.

Acordei de vi o Sol do lado de fora do quarto, lembrei do dia das mães, perguntei-me o que queria aquele sonho. Sem ter talento para intérprete espiritual ou psicanalítico, posso concluir pela saudade de minha mãe, por ter pensado tanto em minha avó esses dias, e pelo fato de que não tinha útero! (risos)

Sim, porque as mulheres têm útero! E isso faz toda a diferença de percepção pelo mundo. Faz delas seres estranhos e loucos, mas magnífícos e magnânimos, menos egoístas do que os que homens.

No hotel vi uma senhora estrangeira. Ela era bonita e mais velha, e sorria o tempo todo. O tempo todo! Estava sempre sorrindo, parecia feliz demais. Mas não era fácil! Fiquei a pensar: “como alguém pode ser tão feliz?!” Ela estava lá só com o marido e ficava horas lendo na beira da piscina.

No mesmo dia vira uma senhora com sua linda filha, uma graça de menina e a alegria dela com a criança era assustadora. Vi-me como pai e percebi que essa seria uma alegria inimaginável até ser vivida. Num flash, vi o sorriso da estrangeira estampado no rosto de minha mãe pela minha existência e de meus irmãos. Essa incomensurável sensação de ter um filho e gostar dele tão profunda e incondicionalmente que deve ser sufocante.

Assim como proporcionais são as tristezas e dores que seus desentendimentos com eles lhe trazem. Percebi muitas coisas que não tenho como escrever aqui. Umas bem sérias e boas, outras bem sérias e terríveis, mas todas relacionadas a presença das mães no mundo.

A senhora sorridente a mãe feliz do hotel, minha avó no meu sonho, a criança de quem procurava os pais, tudo se juntou pra eu pensasse que minha mãe não é deste mundo, deve ser de outro, menos uma deusa do que um princípio da vida, a minha!

Seguindo um secreto bailar meus pensamentos voaram até ela e lá ficaram, tristes por não estar ao seu lado. E cada pessoa mais marcante tinha seu rosto.

Invadido pela certeza do meu amor por ela, fiquei assim, meio que bobo e tristonho!

As mães têm útero. Isso muda tudo!

A minha mãe muda tudo!

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